“Onde está o afeto.”

Esta exposição objetiva a apresentação da expressão artística de Antonio Mendes, em pinturas sobre telas em grandes formatos, durante o período de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021. No grave momento na saúde pública, socialmente desafiador, o artista sentiu-se jogado, arremessado, em suas inquietações emocionais e tornou-se urgente a necessidade, não planejada, de se expressar. Suas reflexões e introspecção foram potencializadas, fazendo-o rever suas histórias e repassar caminhos de sua vida.

“Viver esse momento da minha produção não foi algo refletido, pensado ou elaborado. Foi uma necessidade inesperada, inconsciente e imperativa. E é preciso vivê-lo com o máximo de honestidade possível. Os quadros expressam estas reflexões sobre a existência. Sobre a minha existência e sobre a existência humana, com os conflitos, as decisões, as lembranças, as experiências passadas e presentes…”

É evidente, nas obras, a necessidade que o artista sentia em se expandir e se expressar mais, encontrando nessas dimensões, formas de preencher as telas que fossem compatíveis com que queria ‘falar’, com o que queria ‘expressar’.

“De novembro de 2020 a fevereiro de 2021, entrei em um estado de produção compulsiva. Trabalhei quadros de grandes dimensões num ritmo alucinante… Tudo era urgente, acentuado, ampliado. Eu precisava pintar todos os quadros que pintei durante aquele período. Ainda hoje estou elaborando o que se passou.

Visitei espaços emocionais ora ligados à minha vida pessoal, ora ligados ao momento coletivo em que nós, humanos, nos encontramos, tendo como pano de fundo a pandemia pelo coronavírus.

Essa produção é de certa forma um grito, uma catarse. Eu precisava me encontrar com minha humanidade, ressignificá-la, colocar fala e cor em Antonios que fizeram parte do meu passado, e no Antonio que estou hoje. Enfim, eis meu grito para que eu não me perca de mim mesmo.”

Para esta exposição são apresentadas telas, em sua maioria, dimensões maiores. O trabalho foi realizado com trinchas, pincéis e espátulas maiores, buscando o melhor diálogo possível entre o material e a expressão do artista para cada tela.